Um nascimento comum… ou quase
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Na calçada de uma cidadezinha tranquila, uma ninhada de filhotes veio ao mundo numa manhã ensolarada. Todos tinham cores parecidas, olhos iguais, miados semelhantes. Mas um deles destoava: um pequeno gato branco com manchas castanhas e um detalhe impossível de ignorar — um olho âmbar e outro azul cristalino. O veterinário local, acostumado com bichanos de todas as cores, nunca tinha visto nada igual. Disse que aquilo era raro, mas possível. Só não imaginava o que estava por vir.
O dono da casa, um velho livreiro chamado Tomás, decidiu adotar o filhote diferente. Chamou-o de Sol-Lua, inspirado nos contrastes do bichinho. Enquanto os outros gatos cresciam agitados e brincalhões, Sol-Lua passava horas observando as pessoas em silêncio, como se entendesse algo que ninguém mais via. Era impossível olhar para ele sem sentir que havia algo profundo e inexplicável em seu olhar.
O guardião da livraria antiga
A livraria de Tomás era um lugar mágico por si só. Estantes altas, cheiro de papel antigo e uma poltrona vermelha onde os leitores se perdiam por horas. Mas a verdadeira atração era Sol-Lua, que passeava entre os corredores com a elegância de um sábio. Muitos visitantes juravam que, ao encontrá-lo, eram guiados até livros que mudavam suas vidas. Havia até quem dissesse que os olhos do gato refletiam memórias esquecidas ou desejos ocultos.
Um dia, uma criança perdida entrou na loja, chorando. Sol-Lua foi até ela, se aninhou em seu colo e, como num passe de mágica, a menina parou de chorar. Apontou para um livro antigo na prateleira mais alta. O título? O Lugar para Onde Voltamos. A mãe da criança entrou minutos depois e, ao ver o livro, caiu em prantos — era a obra favorita de seu falecido pai. Coincidência? Talvez. Mas com Sol-Lua, nada parecia por acaso.
O visitante que nunca voltou
Certo dia, um homem elegante, vestido de cinza e com sotaque estrangeiro, entrou na livraria. Parou em frente a Sol-Lua, ajoelhou-se, e sussurrou algo que ninguém conseguiu ouvir. O gato, em resposta, deu um leve miado e caminhou até uma seção esquecida da loja, onde livros empoeirados esperavam há décadas por alguém. O homem pegou um volume sem título, olhou para Tomás, sorriu, e saiu pela porta sem dizer uma palavra.
No chão, restou apenas um bilhete, escrito à mão com uma caligrafia fina e quase indecifrável:
“Ele enxerga o tempo dos dois lados. Cuide bem dele.”
Desde então, Sol-Lua passou a ser conhecido como o “Gato das Duas Eras”, e a história do visitante misterioso virou lenda local. Ninguém nunca mais o viu, mas muitos afirmam que, ao visitar a livraria e encarar os olhos de Sol-Lua, têm vislumbres de algo maior — como se, por um instante, tocassem o passado e o futuro ao mesmo tempo.
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